1-
Você começa a escrever com um vislumbre do clima, atmosfera, ambiente, ou
tudo acontece no "escrever" mesmo?
R: Para descrever o cenário da história (ambiente) faço pesquisas por
semanas. Preciso conhecer visualmente o lugar, mesmo que apenas por fotos, pois
isso é fator primordial para não cometer gafes por aí. A pesquisa é necessária
para o estilo de romance que escrevo e dificilmente tomo atitudes impensadas,
baseadas no meu impulso. Sou um pouco perfeccionista.
2- Há escritores que reescrevem
sempre o mesmo livro. Temendo isto, você muda de gênero como troca de camisa?
R: Penso em mudar de gênero e mergulhar em outros
projetos. Tenho uma distopia planejada na cabeça e também uma fantasia, mas
isso é para o futuro.
Por enquanto vivo para escrever as histórias dos
meus personagens sobre o gênero New Adult.
3- Falemos de cama: adormecendo lhe
vem uma ideia, deixa para pensar no dia seguinte ou levanta-se de um salto,
alucinado?
R: Minha cabeça gosta de ter várias ideias na hora que vou dormir ou
quando geralmente não posso escrever.
Quando isso acontece me levanto (não importando a hora e o lugar) e corro
para o Word (se possível) a fim de não perder a inspiração.
A situação mais inusitada que aconteceu comigo foi quando estava na casa
da minha sogra.
Sem computador nenhum e no meio de uma reunião familiar, tive que
improvisar. O plano era dormir a noite para acordar bem para o almoço de Natal,
mas quem disse que dormi? Minha cabeça girou tanto sobre um romance policial que
fiz o roteiro e só terminei às 5h00 da manhã. Escrevi no caderno da minha
cunhada e passei para o Word assim que pude.
4- Seus julgamentos de valor são influenciados pelo calor da hora ou você
mantém um distanciamento crítico?
R: Sou impulsiva, geralmente faço tudo no calor do momento e só depois
consigo criar uma opinião crítica a respeito. Não é fácil ser assim porque isso
bate de frente ao perfeccionismo. Ainda luto para me manter distanciada e utilizar
a favor do aperfeiçoamento da minha escrita.
5- Sentimentos negativos como ódio,
ciúme, inveja, vingança são motores bem regulados para a criação de uma obra?
R: Depende da obra. Eu gosto de intrigas,
ciúme, vingança... Acho que se trabalhado bem você consegue deixar a história
ainda mais interessante.
6- O que faz quando sente que uma
personagem lhe escapa?
R: Leio do Prólogo até o último capítulo
escrito e não paro até encontrar onde foi que eu errei. Geralmente isso
acontece quando eu quero uma coisa e o personagem não quer. Parece loucura
dizer isso, mas é verdade. Vejo meus personagens como pessoas que possuem
características únicas. Se está acontecendo um atrito em algum momento é porque
eles não querem que eu siga aquela linha. O que eu faço? Obedeço. Volto e não
tenho medo do botão “delete”.
7- Quando percebe, porém, que a personagem
está fraca, que as ideias estão murchas, você recomeça ou adota a ironia em
relação a elas.
R:
Recomeço. Se a linha que tomo não anda legal... Não reaproveito nada, pois isso
vai misturar ao meu julgamento inicial e não ficará fiel.
8- Cercado de baixo-astral por todos os lados, insiste em escrever porque...
R:
Escrever me faz feliz. Não existe qualquer outra atividade no mundo que ame
mais do que escrever. Ler, talvez. Mas escrever me ganha.
9- A técnica é tudo, nada, meio
caminho andado? Aliás com quem aprendeu?
R: Técnica é meio caminho andado. Já vi
muitos autores com muita técnica e pouca inspiração. Isso sempre me incomodou,
como o contrário disso também. O meio termo é o ideal.
Aprendi na tentativa e erro. Lendo muito,
buscando informações na internet, conversando com pessoas do gênero e tendo amigas
maravilhosas que não se cansam de me ajudar no desenvolvimento da história.
10- Escrever é só inspiração?
R: Não. Escrever é pesquisa, técnica (como disse ali em cima), amor e
dedicação. É necessário muito mais do que uma boa ideia na cabeça para conseguir
enviá-la para o papel.
11- Quando atacado pela preguiça, como
você consegue combatê-la?
R: Tento não forçar. Se estou me sentindo indisposta, vou ler um livro,
assistir um filme, conversar com as amigas, sair com o namorado, brincar com a
minha cachorrinha. Se a inspiração não bate, não adianta. Prefiro estar
totalmente mergulhada na história para sentir que estou dando o meu máximo.
12- Quando inicia um texto sabe
antecipadamente seu conteúdo?
R: Sim. Sou adepta aos roteiros gigantes e detalhados.
13- Tem algum escritor em que se espelha?
R: Vários! J.R Ward, Jamie McGuire, Colleen Hoover. Gosto muito da
escrita da Norah Roberts. Tem também Sidney Sheldon, Jojo Moyes... Sinto-me
pecando ao citar alguns, tenho vontade de dizer toda a minha biblioteca.
14- Um escritor está sempre
absolutamente consciente do que faz?
R: Não. Os personagens guiam a gente, nós só seguimos as batidas. É
divertido e uma sensação muito boa. Não há nada como você sentir que quem está
na direção não é você.
15- Qual foi o seu primeiro e decisivo ato
literário?
R: Eu escrevo há anos, mas quando peguei Regras da Atração quis fazer
tudo conforme uma receita de bolo. Quis elaborar um roteiro bem descritivo,
estudar os personagens, cenário e me dedicar ao máximo. Acho que Regras da
Atração foi o primeiro livro (que era uma fanfic), que quis que desse certo. Me
apaixonei pela ideia no instante em que estava na minha cabeça e foi paixão à
primeira “vista”.
16- Quando começou a escrever, já fazia
planos de seguir carreira?
R: Não! Na realidade, escrevia para passar tempo. Comecei muito nova. Com
letras de música, para ser sincera. Depois teve um diário, teve poesias, teve
textinhos em blog e tumblr. Por fim, fanfics. Agora, olhar para trás me faz
pensar o quanto tudo me guiava para esse caminho que me vi cega por tanto
tempo... Eu queria ter mergulhado de cabeça desde a primeira vez.
17- Em caso de dúvida, impasse, descrença, você se aconselha com quem?
(amigos, editor, leitor beta, etc)
R: Minhas amigas, família, namorado e leitores betas. Quando bate aquela
dúvida, mando arquivo para todo mundo e não fico satisfeita até eles estarem.
Afinal, apoio é imprescindível.
18- Música de fundo e café são
indispensáveis?
R: Sempre! Adoro café e música. Tem combinação melhor? Talvez chá e
música...
19- Afinal qual o prazer do texto?
R: Ler é viajar sem sair do lugar.
Você conhece culturas diferentes, pessoas dissemelhantes, vidas diversas
e personagens apaixonantes.
O texto, para me conquistar, tem que ser visual, envolvente, aquele tipo
de história que você não dorme até descobrir o final, que você tem inveja da mocinha,
que você quer se apaixonar pelo mocinho... É aquele tipo de história que te faz
perder o ar ao ler. Esse é o prazer. Algo que nem os melhores filmes, músicas e
seriados podem conquistar.
20- Para você como é escrever?
R: É uma espécie de amor sentido e não dito.
Um relacionamento que sei que terei pela a vida toda, independente do que o
futuro me reservar. É saber que os meus leitores podem experimentar a alma dos
personagens, viver cada linha, se encantar por cada página. É esforço,
dedicação e disciplina, mas também paixão, emoção e tudo o que há de mais de
incrível nesse mundo. Escrever é deixar a minha essência, pouco a pouco, para
cada leitor e ter a certeza de que recebo isso em dobro a cada sorriso, lágrima
e carinho retribuído.
Sem meus leitores e todo o apoio que recebo a minha vida não seria
tão mágica.
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