25 de abr. de 2015

Entrevista com Marcia Pavanello







1-      Você começa a escrever com um vislumbre do clima, atmosfera, ambiente, ou tudo acontece no "escrever" mesmo?

Antes de iniciar a escrita, já sei onde se passarão as cenas e como serão descritas no livro. Imagino tudo antes de começar e assim os personagens também tomam forma.


2-       Há escritores que reescrevem sempre o mesmo livro? Temendo isto, você muda de gênero como troca de camisa?


Já vi muitos livros parecido, principalmente os eróticos, que estão super em alta. Eu tenho uma tendência para o romance, então se escrevo erótico ou sobrenatural, ambos tem muito romance.

3-      Falemos de cama: adormecendo lhe vem uma ideia, deixa para pensar no dia seguinte ou levanta-se de um salto, alucinado?

Tenho minha agenda sempre comigo. Assim que surge a ideia já escrevo, não importa o horário. Se acordo de um sonho preciso colocar tudo no papel ou esqueço.

4-       Seus julgamentos de valor são influenciados pelo calor da hora ou você mantém um distanciamento crítico?

Geralmente quando inicio o livro, já sei como vai terminar, ou como eu gostaria que terminasse. Durante o processo da escrita algumas coisas mudam, mas fatores importantes de julgamento quase nunca.

5-      Sentimentos negativos como ódio, ciúme, inveja, vingança são motores bem regulados para a criação de uma obra?

Os sentimentos precisam ser bem elaborados. O autor precisa desenvolver bem esses sentimentos, mas com certeza é um ponto forte de um livro.

6-      O que faz quando sente que uma personagem lhe escapa?

Acontece muito. Muitas vezes a gente quer um destino para ele, mas ele com vida própria, vai para outro caminho. Tento ser bem fiel ao objetivo do início, quando o livro ainda é apenas um rascunho. Mas quando sei que a cena vai melhorar se eu fizer diferente, faço sem medo.

7-      Quando percebe, porém, que a personagem está fraca, que as ideias estão murchas, você recomeça ou adota a ironia em relação a elas?

Depende do personagem. Se for secundário, algumas vezes abandono, ou mudo seu destino. Os principais precisam ser bem elaborados, e esses precisam ter características que faça o leitor gostar deles, caso contrário o leitor largará a leitura antes do término.

8-      Cercado de baixo-astral por todos os lados, insiste em escrever porque...

Amo escrever. E tudo que faço na minha vida é voltada a escrita. É difícil ser escritor no Brasil, porém a esperança nunca morre. Sou uma pessoa muito otimista e tenho fé, por isso acredito que tudo dará certo, todos os dias.

9-      A técnica é tudo, nada, meio caminho andado? Aliás com quem aprendeu?

A técnica ajuda e muito, mas creio que ter uma ideia brilhante é fundamental. Aprendi lendo muito. Fui observando como se escreve em 1° pessoa, 3° pessoa, presente, futuro....Sempre observei as falas e na faculdade de Letras aprendi sobre coesão e coerência, o que fez meus textos melhorarem. Acho que cada livro é um aprendizado.

10- Escrever é só inspiração?

A história principal as vezes vem do nada, as vezes de um sonho. Tudo faz parte da inspiração. Acho que é ela que dá aquele toque a mais no texto. Porém descrever algumas cenas e lugares vai muito da imaginação.

11- Quando atacado pela preguiça, como você consegue combatê-la?

Quase não tenho tempo para escrever. A vida é sempre uma correria: casa, marido, filhos, faculdade. Então sempre que sobra um tempinho vago, seja em qualquer hora do dia, eu esqueço do mundo e entro dentro da cena. Não existe preguiça nessa hora, não existe nada, apenas eu e meus personagens.

12- Quando inicia um texto sabe antecipadamente seu conteúdo?

Sim. Tenho detalhado tudo antes. Desde o nome dos personagens e suas características todas, seja para um conto ou livro.

13-  Tem algum escritor em que se espelha?

Tenho muitos. Aprendi a gostar de escrever com a Stephenie Meyer, e acho ela incrível, Crepúsculo para mim foi o melhor livros de todos que eu já li. Então posso dizer que minha grande inspiração para escrever é ela.


14- Um escritor está sempre absolutamente consciente do que faz?

Sim. Tirando as vezes que o personagem quer tomar vida própria. Ser um escritor é mostrar a alma. O livro é algo tão lindo e tão sério, que temos ter a consciência de tudo, principalmente do que estamos escrevendo.

15- Qual foi o seu primeiro e decisivo ato literário?

Quando eu tinha 15 anos, escrevi um livro de poesias, que se perdeu com o tempo. Mas sempre gostei de arte e teatro. Quando eu assisti Crepúsculo, algo me chamou a atenção. Percebi que precisava colocar para fora tudo que tinha dentro da minha mente, aí surgiu Abismo Sangrento.

16- Quando começou a escrever, já fazia planos de seguir carreira?

Comecei a escrever Abismo Sangrento, e fiquei com ele durante uns 3 anos, queria publicar para ter o meu livro. Porém, um dia eu olhei para mim mesma, e pensei: “Não tem nada melhor que eu gostaria de fazer na minha vida, além de escrever”, então eu soube, que precisava tomar isso como profissão. E mesmo que financeiramente ainda não seja rentável o suficiente, não vou parar de escrever.

17-  Em caso de dúvida, impasse, descrença, você se aconselha com quem? (amigos, editor, leitor beta, etc)

Geralmente com amigos escritores. Eles entendem minhas dúvidas e me aconselham para melhorar o texto com algumas ideias diferentes, muitas vezes acertam em cheio e isso me agrada.

18- Música de fundo e café são indispensáveis?

Música sim. Café eu dispenso. No momento estou em uma reeducação alimentar e perdi 12 kg em 3 meses. Chás são bem vindos.

19- Afinal qual o prazer do texto?

O prazer está em um leitor vir e dizer: “Caramba! Foi o melhor livro que eu li na minha vida”, não tem preço que pague tamanha felicidade. É nessas horas que acredito que vale a pena.

20- Para você como é escrever?

Escrever é um ato de amor. Um escritor demora tanto para escrever, coloca tanto sentimento, que vira uma parte do escritor. Quando eu estava escrevendo O Pecado não mora ao lado, estava de resguardo e meu pai foi operado, um dia depois de conhecer meu filho Felipe. Ele quase morreu e passou por dias terríveis. Eu chorava todos os dias. Então despejei no livro toda a minha alma. Foi intenso escrevê-lo. Posso dizer que muitas vezes o leitor não entende o que o escritor quer dizer com algumas palavras ou cenas, mas a alma do escritor está lá, em cada cantinho, em cada palavra. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário