5 de ago. de 2015

Entrevista com Rafaela Alves



1-      Você começa a escrever com um vislumbre do clima, atmosfera, ambiente, ou tudo acontece no "escrever" mesmo?

R: Tudo acontece no “escrever” mesmo. (Risos). Eu penso no que irá acontecer no decorrer do capítulo, mas é somente quando estou escrevendo que o cenário vai aparecendo pra mim com exatidão.

2-       Há escritores que reescrevem sempre o mesmo livro? Temendo isto, você muda de gênero como troca de camisa?

R: Olha sobre reescrever, eu afirmo que sim. E admito que estou reescrevendo o meu primeiro livro ( que ainda não foi publicado). Não é algo como mudar o gênero, mas sim estou “amadurecendo” a minha escrita.
Como eu o escrevi primeiro, minha escrita mudou muito do primeiro livro até o meu quinto, então é notável a diferença, preferi reescrever, sem tirar os acontecimentos, nem mudar o foco da história, mas sim trazendo mais beleza a escrita, aí sim, me sentirei segura ao publicá-lo.

3-      Falemos de cama: adormecendo lhe vem uma ideia, deixa para pensar no dia seguinte ou levanta-se de um salto, alucinado?

R: Me levanto no mesmo instante! Já aconteceu deu acordar as 3 horas da manhã, e mesmo com frio escrever meu livro, porque estava perfeita demais a inspiração pra deixar passar.

4-       Seus julgamentos de valor são influenciados pelo calor da hora ou você mantém um distanciamento crítico?

R: Pelo calor da hora. Sempre dou um “up” nos capítulos ao ler depois de escrito, mas confio na essência da minha história. Deixo o resto para meus leitores betas. Mas eu acho que o importante mesmo é o autor confiar no seu trabalho, em sua escrita, ai sim, tudo tende a ser perfeito, sem imperfeições críticas.

5-      Sentimentos negativos como ódio, ciúme, inveja, vingança são motores bem regulados para a criação de uma obra?

R:Depende. ( Risos).  Comigo esses sentimentos não funcionam ao escrever. Durante a escrita, pra mim, saem coisas lindas somente quando estou feliz, triste e bem emotiva.

6-      O que faz quando sente que uma personagem lhe escapa?

R: Não consigo trazê-la de volta pra mim! Como tenho muitos personagens, já que escrevo vários livros ao mesmo tempo, ( e não, não confundo as histórias) ai alguns podem “fugir” de mim. Mas eles sempre sentem falta da mãe deles e volta com a consciência pesada. ( Risos).

7-      Quando percebe, porém, que a personagem está fraca, que as ideias estão murchas, você recomeça ou adota a ironia em relação a elas.

R: Nunca aconteceu comigo. Minhas personagens sempre saem exatamente com a personalidade que eu quero. Algumas são tão reais, que alguns leitores já me disseram que quase puderam “tocar”.

8-      Cercado de baixo-astral por todos os lados, insiste em escrever porque...

R: Porque escrever faz com que meu humor melhore milagrosamente.

9-      A técnica é tudo, nada, meio caminho andado? Aliás com quem aprendeu?

R: É tudo. Antes de mais nada tenho em mente o que eu quero e espero que aconteça, e assim tudo se elabora com mais facilidade, a experiência que se ganha ao escrever mais de um livro sempre ajuda também. Eu aprendi muitas das minhas técnicas que levo hoje em dia, com meu professor de redação, que também é um escritor. Então ele foi uma das pessoas que foi de peça fundamental para minha trajetória na escrita.

10- Escrever é só inspiração?

R: Escrever é vida, sentimentos, pequenos fragmentos de mim mesmas embalados por histórias. Escrever é um desabafo, uma profissão. E sim, é uma inspiração. Uma inspiração que traz mais luz a minha vida.

11- Quando atacado pela preguiça, como você consegue combatê-la?

R: Geralmente ela só vai embora quando quer. Mas sempre procuro ler, ver filmes e séries, algo que mexe com meu coração. Assim não deixo a inspiração morrer.

12- Quando inicia um texto sabe antecipadamente seu conteúdo?

R: Nunca!!!!! Quando começo um texto não sei nem o que irei escrever pra falar a verdade. Eu simplesmente escrevo e só quando termino vejo como ficou e que nome lhe darei.

13-  Tem algum escritor em que se espelha?

R: Não me espelho em ninguém. Mas admiro três escritoras que pra mim são as que mais me identifico. Colleen Houck, Tahere Mafi e Carina Rissi.

14- Um escritor está sempre absolutamente consciente do que faz?

R: As vezes sim, outras não. Na maior parte do tempo a emoção toma conta de tudo.

15- Qual foi o seu primeiro e decisivo ato literário?

R: Textos foi meu primeiro ato literário, logo em seguida eu decidi parar tudo e contar as histórias que aos poucos chegavam pra mim.

16- Quando começou a escrever, já fazia planos de seguir carreira?

R: Não. Comecei a escrever textos... Com 14 anos. Jamais pensei que isso pudesse resultar em um amor incondicional e em uma profissão em que eu me encontrei completamente.

17-  Em caso de dúvida, impasse, descrença, você se aconselha com quem? (amigos, editor, leitor beta, etc).

R: Minha mãe. Sempre.

18- Música de fundo e café são indispensáveis?

R: Música de fundo. Café não. Sou do tipo que todos são viciados no café que faço, mas que odeia café. Sou mais do tipo leite com chocolate.

19- Afinal qual o prazer do texto?

R: Eles dizem aquilo que o coração da gente acredita.

20- Para você como é escrever?

R: Escrever é parte da minha vida. Um encontro de algo que eu estava procurando em mim mesma e não tinha acontecido. Escrever me liberta. E é isso o que eu quero fazer pelo resto da minha vida. ( Que ela seja imortal! )



Nat Mota

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